Como registramos há pouco, a pedido de Augusto Aras, o conselheiro Marcelo Weitzel, do CNMP, determinou que todos os processos da Lava Jato no STJ sejam encaminhados para a subprocuradora Áurea Pierre e não mais ao grupo designado da força-tarefa.
Não é uma medida burocrática.
A partir de agora, as investigações não serão mais encaminhadas para a força-tarefa e redistribuídas entre seus integrantes. Vão se acumular na mesa de Áurea Pierre, que será a única responsável por tocar os casos – no máximo, com auxílio dos demais colegas.
Para piorar, a subprocuradora é conhecida por ter sido alvo de processo disciplinar por engavetar mais de mil processos, como revelou O Antagonista em 2017. Durante a Lava Jato, ela também foi responsável por manifestações críticas, acolhendo pedido de Lula pela suspeição de Sergio Moro.
É possível dizer que a Lava Jato acabou no STJ com o singelo pedido de Aras, que também abre a porta para pedidos de nulidades de denúncias que tenham sido apresentadas por integrantes da força-tarefa sem a assinatura de Áurea Pierre, a procuradora natural.
O mesmo vale para os grupos da Lava Jato nos estados e no Supremo.
A crise aberta ontem na força-tarefa em São Paulo tem a mesma origem, uma determinação da Corregedoria e do próprio Conselho do MP para que todas as investigações sejam direcionadas para o gabinete da procuradora Viviane de Oliveira Martinez, que assumiu o cargo em março.
Ao se recusar a assinar as denúncias e pedidos de diligências com os demais colegas, Martinez estava pavimentando o caminho para futuros pedidos de nulidade. Sem contar a resistência da procuradora em avançar nas investigações em curso ou abrir novas frentes, com novas delações premiadas.
Sem conseguir emplacar sua UNAC (Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado), Aras tira o poder das forças-tarefa.
Fonte: O Antagonista