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    Dia das Mães: a conquista da maternidade por meio da reprodução assistida
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    Histórias reais de mulheres que enfrentaram seus medos e dores para realizar o sonho da maternidade por meio da reprodução assistida.

    (Arquivo pessoal – Lucy Bispo)

     

    No Dia das Mães, uma reflexão sobre a maternidade e as diferentes formas de realizá-la é inevitável. Para muitas mulheres, o sonho de ser mãe é adiado ou até mesmo frustrado por problemas de fertilidade. Felizmente, a ciência tem evoluído bastante no campo da reprodução assistida, permitindo que muitas mulheres realizem esse sonho. Para o presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Alvaro Pigatto Ceschin, as técnicas de fertilização são uma luz no fim do túnel para muitas tentantes.

    “A maternidade sempre foi considerada uma dádiva, entretanto, sua impossibilidade gera uma frustração em muitas mulheres. Porém, hoje, isso pode ser revertido com a reprodução assistida. As técnicas são as mais diversas para cada caso, mas todas convergem para a obtenção de um fim comum, no qual somente a vivência da maternidade fornece à mulher uma das formas mais bonitas de amor: o amor de mãe”, ressalta.

    Regulamentada desde 1997 no Brasil, a reprodução assistida oferece diversas técnicas para ajudar casais com dificuldades de fertilidade. Segundo o Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os procedimentos de Fertilização in Vitro — FIV, no Brasil, cresceram 168% nos últimos 7 anos. Atualmente, são realizados em torno de 36 mil tratamentos por ano no país.

    Entre as técnicas mais utilizadas estão a inseminação artificial, a fertilização in vitro e o uso de óvulos doados. A primeira delas é indicada em casos de baixa contagem de espermatozoides ou problemas de ovulação. Já a segunda, a fertilização in vitro, é indicada em casos mais complexos, como a endometriose e a obstrução das trompas.

    O casal Lucy e Alexandre e seus filhos, Isaac e Ester. (Arquivo pessoal)

    Após diversas tentativas de uma gestação natural — sem auxílio da reprodução assistida –, a professora Lucy Bispo e seu esposo Alexandre David recorreram aos tratamentos de fertilização. Depois de muitos tratamentos, veio o primeiro resultado positivo, mas logo em seguida a dor da perda. Após a décima semana, Lucy descobriu que seu feto havia parado de evoluir e foi preciso a realização de seu primeiro aborto. Houve mais sete em seguida. “Parece que essa dor foi ainda maior, pois foi após uma grande frustração, veio o sentimento de incapacidade de gestar”, afirmou a professora.

    Depois de diversos abortos espontâneos, o casal finalmente havia conseguido sucesso em uma gestação, entretanto, novamente a dor da perda. O pequeno Bernardo teve sua vida interrompida aos 3 meses de idade, em decorrência de uma leucemia. Ao todo foram oito perdas até conseguir concretizar o sonho da maternidade. Com o auxílio da reprodução assistida, hoje o casal realizou o desejo de aumentar sua família com a chegada do pequeno Isaac, seu filho arco-íris — termo usado para se referir a crianças que nasceram após a ocorrência de um aborto espontâneo ou perda prematura de um filho — e da pequena Ester. “A vida é feita de desafios, e a maternidade é o mais belo deles! A busca pela maternidade sendo seu sonho, não se prenda a rótulos, estereótipos ou crenças limitantes quanto à idade”, concluiu a professora.

    Entretanto, para muitos casais a falta de informação ainda é a principal barreira a ser superada para conhecer as possibilidades de gestação. Esse é o caso da influenciadora Marcela e sua esposa Melanie, que, entre os muitos obstáculos superados pelo caminho, a principal foi a do conhecimento sobre as técnicas de fertilidade para casais homoafetivos.

    “Tivemos que superar uma série de barreiras. Primeiro, a barreira do desconhecimento, porque parece um tabu entre casais, sejam eles héteros ou homoafetivos. Se fala muito pouco sobre os tratamentos e tem muitos mitos, como a demora, a dor, os relatos de pessoas que tentaram inúmeras vezes e não conseguiram. Então, fomos nos munindo de muita informação e entrando em contato com muitas pessoas que tinham tido resultados positivos para entender o processo”, afirma a influenciadora, que, por meio da da fertilização in vitro,realizou o sonho da maternidade com a sua esposa. Hoje, elas são mães dos gêmeos Bernardo e Iolanda.

    O casal Marcela e Melanie e seus filhos, Bernardo e Iolanda. (Arquivo pessoal)

     

    As causas da infertilidade feminina variam. Os fatores mais frequentes são relacionados à idade da mulher, problemas anatômicos no útero, tubas ou ovários, desequilíbrios hormonais que afetam o ciclo menstrual, além da endometriose. Outros problemas que diminuem a fecundidade são a exposição à radiação ou a certos produtos químicos, o tabagismo e o peso (excessivamente acima ou abaixo do ideal).

    A idade é um fator determinante para a fertilidade de muitas mulheres. Seu declínio se inicia aos 20 anos, com uma taxa de aproximadamente 3% ao ano, mas torna-se mais evidente em mulheres com idade acima de trinta e cinco (9%). Depois, uma redução ainda maior acontece entre 40 e 45 anos. A qualidade do óvulo também cai ao longo da vida, é o que explica o médico e presidente da SBRA, Alvaro Pigatto Ceschin. “A qualidade dos óvulos a partir dos 38 e 39 anos pode ficar muito alterada. Dessa forma, muitas pacientes acabam não conseguindo ter um bom número e nem uma boa qualidade de óvulos”.

    O casal Daniela e Sabrina e seu filho Lucas. (Arquivo pessoal)

    Essa corrida contra o tempo foi o que levou o casal Daniela e Sabrina Ferreira a buscar por tratamentos de fertilidade. Já com seus 39 anos, Daniela sabia que o tempo era seu inimigo e, com sua esposa, recorreu à fertilização in vitro para alcançar o objetivo de serem mães. Atualmente, o casal divide suas rotinas diárias com os cuidados com o filho Lucas. Elas agradecem aos especialistas que as acompanharam nessa jornada. “A medicina pode nos ajudar na realização do sonho de sermos mães, então temos que nos informar e procurar profissionais para nos ajudar. Fomos muito bem informadas e atendidas com muito carinho e empatia”, conclui Daniela.

    A reprodução assistida também tem ajudado mulheres solteiras a realizarem o sonho da maternidade. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, em 2019, cerca de 9% dos ciclos de fertilização in vitro foram realizados em mulheres solteiras e 4% em casais homoafetivos. Embora a reprodução assistida seja uma solução para muitas pacientes, ainda há desafios a serem superados. O alto custo dos tratamentos, por exemplo, dificulta o acesso de muitas mulheres aos procedimentos. Além disso, a falta de regulamentação para o uso de técnicas como a barriga de aluguel e a edição genética ainda é uma questão em debate no país.

    No entanto, é inegável que a reprodução assistida tem sido uma aliada para muitas mulheres realizarem o sonho da maternidade. Neste Dia das Mães, é importante lembrar que a maternidade pode ser realizada de diversas formas e que todas são válidas e dignas de celebração.
    Fonte: Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA)

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