Acessibilidade, protagonismo feminino e geração de trabalho estão entre os pilares que nortearam a última temporada do festival
A 4ª edição do Festival Divas do Samba chegou ao fim deixando um legado que vai além da música. O evento mostrou como o samba pode ser um motor de transformação cultural, social e econômica, contribuindo diretamente para a economia criativa do Distrito Federal.
O projeto, realizado pela Guia Acessibilidade Inclusiva, conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC DF) e incentivo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF.
Acessibilidade e compromisso social
Durante o festival, o impacto positivo foi sentido tanto nos palcos quanto nos bastidores. Entre as iniciativas de destaque, estão a arrecadação e entrega de mais de 80 kg de alimentos para comunidades em situação de vulnerabilidade e as ações de acessibilidade.
“Os alimentos que recebemos nos dois dias de festival foram doados para a Casa do Ceará, uma importante entidade de assistência social, sem fins lucrativos que precisa de ações como esta. É gratificante poder contribuir. Além disso, também tivemos ações específicas, voltadas para as Pessoas com Deficiência, garantindo que o Divas do Samba fosse acessível”, afirma a coordenadora de acessibilidade do Festival, Cássia Lemos.
As ações de acessibilidade atenderam a dezenas de pessoas com algum tipo de deficiência e incluíram intérpretes de Libras, audiodescrição, abafadores para o público neurodivergente e transporte exclusivo, com uma equipe dedicada ao acolhimento e suporte para PcD.
Para a cantora pernambucana Karynna Spinelli, recentemente diagnosticada com transtorno do espectro autista, o cuidado com esse público tem se tornado uma preocupação frequente em todos os shows. E no Divas, não foi diferente.
“Eu sou TDH e estou no espectro autista nível um, com altas habilidades. Cada neurodivergente tem as suas peculiaridades, mas há algo comum em nós que é a questão sensorial. Luzes, sons, muito movimento, me tiram do prumo. Desde que recebi o diagnóstico, oferecemos nos shows uma área reservada e disponibilizamos os abafadores, para que essas pessoas consigam aproveitar a apresentação da maneira mais confortável possível”, explica Spinelli.
Protagonismo feminino e geração de trabalho
O festival impulsionou a economia criativa do DF, criando 86 postos de trabalho diretos e indiretos. Além disso, o protagonismo feminino foi um pilar importante da edição, reforçando e ampliando o compromisso com a inclusão e a representatividade das mulheres no cenário cultural:
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82% da equipe de produção foi formada por mulheres, um avanço significativo em relação à última edição, que contou com 60%.
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Todas as artistas que brilharam nos palcos eram mulheres, e 72% dos grupos musicais que estavam com elas também, evidenciando o poder e influência feminino no samba.
Muito além da música
Para Ellen Oliveira, nesta 4ª edição, o Divas do Samba se consolidou como um importante movimento cultural para a cena candanga.
“Conectamos comunidades, geramos oportunidades, fortalecemos a cultura e fomentamos a economia criativa. O evento provou que o samba, além de ser um símbolo da nossa identidade, é também um instrumento para construir um futuro mais inclusivo e sustentável”, finaliza.