Especialista diz ainda que há muitas OSCs que não sabem como preencher os requisitos necessários para receberem verbas importantes para seu trabalho social
Existem várias formas de as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) arrecadarem dinheiro, como doações de pessoas físicas e jurídicas, bazares, eventos beneficentes e chamamentos públicos de recursos financeiros provenientes de órgãos públicos, como leis de incentivo, ou privados, que podem ser destinados a projetos diversos. Embora existam diversos editais e oportunidades de captação ao longo do ano, muitas instituições encontram dificuldades para preencher os requisitos necessários para participarem.
Gigi Favacho, gerente da Rede CT – Capacitação e Transformação – rede de desenvolvimento de empreendedores sociais esportivos para uso de leis de incentivo, comenta que “há um cenário muito complexo no Brasil. São quase 900 mil OSCs no país e boa parte delas não recebe verbas de editais porque não são nem mesmo capacitadas para isso. Falta incentivo para que essas organizações se preparem e entendam o que fazer para preencher os requisitos necessários”.
A Rede CT atuou ao lado do Itaú para promover a participação de mais de 200 entidades em edital aberto pela instituição financeira. “Nosso objetivo foi contribuir para auxiliar essas OSCs nesse processo e capacitar seus gestores para que pudessem concorrer às verbas do edital. Ao final do programa, as instituições melhor preparadas passaram por uma mentoria e foram encaminhadas para a inscrição”, diz a gerente, que acrescenta que “é necessário que se apoie essas organizações com mais afinco, pois realizam um trabalho de transformação social importante em regiões que há ainda muita desigualdade e falta de acesso da população a serviços básicos. Precisamos nos movimentar enquanto sociedade para promover equidade”.
Gigi pontua que os editais podem não apresentar critérios padronizados, mas é possível criar uma cartilha que abrange os requisitos mais comuns. Também é possível apontar estratégias e dicas sobre como submeter uma proposta, como:
- Ler atentamente o edital para não ter problemas com prazos e critérios de seleção, como localidade, setor, experiência, estrutura, entre outros;
- Apresentar uma boa proposta e fazer adaptações, dependendo do que é exigido;
- Ter certeza de que a proposta do projeto está de acordo com os objetivos do edital;
- Apresentar resultados para poder convencer os avaliadores de que vale a pena investir no projeto.
“Além da dificuldade com documentos e outras exigências legais, alguns dos problemas estão na elaboração das propostas. No programa de capacitação que realizamos junto ao banco Itaú, vimos que algumas entidades que queriam captar recursos via Lei Federal de Incentivo ao Esporte sequer apresentavam na descrição de suas propostas que se tratavam de projetos esportivos. Esse é um cenário preocupante, que reforça ainda mais que é necessário promover capacitação a esses gestores para que se profissionalizem e aumentem ainda mais o impacto positivo de suas ações sociais”, finaliza Gigi.
Sobre a Rede CT
A Rede CT – Capacitação e Transformação, é um projeto que, com apoio do Instituto Futebol de Rua, Nexo Investimento Social e Rede Igapó, e patrocínio do Itaú, capacita empreendedores sociais esportivos para uso da Lei Federal de Incentivo ao Esporte. Com a expectativa de capacitar 300 OSCs e mentorear outras 120, a Rede CT visa capacitar representantes dessas organizações para auxiliar em programas de apoio à prática esportiva como agente de transformação social nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, com foco em cidades no interior dos estados e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.