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    Politicamente correto, o que é?
    P

    Definição comum

    O politicamente correto, normalmente, é definido como “evitar formas de expressão ou ações que excluam, marginalizem ou insultem grupos de pessoas que estão socialmente desavantajadas ou que sofrem discriminação” (Dicionário de Oxford)

    Essa definição normal apresenta o politicamente correto como uma louvável expressão da lei da caridade fraterna, mas seus efeitos mostram que essa definição pode ser gravemente enganadora.

    Os efeitos

    Exemplos do poder destrutivo do politicamente correto são incontáveis: feministas que creem, sinceramente, que o aborto é uma questão de saúde, crianças tendo contato com pornografia e contracepção na idade mais tenra por parte do Estado para sua proteção, pobres crianças suicidas que realmente creem que podem decidir seu sexo, negação do Direito Natural pelo Judiciário, a perpétua re-escrita da história para transformar nossos ancestrais em monstros, demonização dos Santos e da Igreja Católica. A lista prossegue indefinidamente.

    Verdadeira definição

    O politicamente correto é uma aplicação do marxismo cultural através da qual a civilização é deliberadamente minada por meio da supressão legal e moral do direito do indivíduo de recorrer ao bom senso e à tradição (ou seja, à cultura).

    Background

    O marxismo econômico, de um lado, alega que toda a história é determinada pela propriedade dos meios de produção. Se se puder adquirir os meios de produção, adquire-se, enfim, poder absoluto. O marxismo cultural, de outro lado, alega que toda a história é determinada pelo poder de certos grupos sobre outros grupos. Conquistar o poder absoluto, portanto, é possível através de um processo de fortalecimento de certos grupos em detrimento de outros. Politicamente correto é o nome dado ao instrumento pelo qual essa revolução se torna realidade.

    Os teóricos marxistas Antonio Gramsci, da Itália, e George Lukacs, da Hungria, alegaram que o fracasso da Revolução Russa (1917) em se espalhar por toda a Europa se deveu ao apego das classes trabalhadoras à cultura ocidental, que era definida pelo Cristianismo. O triunfo do marxismo econômico não seria possível, portanto, até que a cultura ocidental fosse destruída.

    Em 1923, um think-tank dentro da Universidade de Frankfurt formou-se na Alemanha para definir o marxismo em termos culturais e recebeu o nome de Instituto para a Pesquisa Social, para esconder seus objetivos marxistas. O think-tank foi forçado a mover-se para os EUA quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, mas, no final dos anos 1930, o instrumento do politicamente correto estava quase pronto.

    Como  funciona

    1. Certos grupos são apresentados por uma “autoridade” (a mídia, o Estado, grupos ativistas) como sendo vítimas de opressão por outros grupos. Os grupos vítima são definidos com base em sua origem, suas características físicas ou comportamento (ao qual eles têm um direito absoluto de acordo com a “autoridade”) e, em alguns casos, realmente são grupos que sofrem opressão real

    2. A “autoridade” rejeita a compreensão usual do mundo, que é definida pela cultura (incluindo o significado comum das palavras), e adota uma visão binária do mundo, na qual toda ação é interpretada como sendo a favor ou contra um dos seus proclamados grupos vítimas

    3. A “autoridade” acusa abertamente qualquer um que julgue ter agido contra o grupo vítima (de acordo com a autoridade), mas essa conclusão não se baseia em nenhum ato em si mesmo, nem nas intenções dos acusados, nem nas circunstâncias dos fatos, mas no dano causado aos sentimentos das vítimas (de acordo com a conclusão da “autoridade”)

    4. Um brado de fúria é insuflado e termina por ser aceito por quem teme ser objeto de semelhantes acusações (incluindo legisladores)

    5. Indivíduos saudáveis, então, terminam adotando o mindset da aberrante “autoridade” por medo, desejo de ser acolhido, ou apenas por hábito; legisladores aprovam leis para “proteger” o grupo vítima, assim destruindo os princípios do bom senso e da tradição e consagrando, na lei, uma nova moralidade e um novo “pensamento”. A “autoridade”, assim, recebe poder para levar a revolução adiante.

    O processo é eficiente porque apela para um senso natural de justiça no homem comum (p. ex., punir alguém que debocha de uma criança aleijada), mas é traiçoeiro porque uma “autoridade” oculta se torna apta a:

    (a) inserir uma nova moral na sociedade (assim rompendo os laços da sociedade com seu bom senso e sua cultura) através de uma onda de falsas indignações morais

    (b) julgar os outros baseando-se em sentimentos subjetivos, e em fatos reais; e

    (c) demolir, brutalmente, a oposição sem qualquer justiça ou direito de contraditório.

    Definição real

    A definição real, portanto, pode ser mais ou menos assim: “O politicamente correto é a deliberada provocação de uma indignação moral desproporcional com o propósito de remover qualquer oposição a uma nova ordem social”

    O politicamente correto é a tirania mascarada de caridade fraterna. Seu uso tem sido fundamental para uma revolução muito pior que a Reforma que dividiu a Cristandade há 500 anos atrás. Estamos vivendo uma destruição indiscriminada dos restos da civilização ocidental (cristã).

    O remédio

    O remédio para o politicamente correto não é atacar os grupos de vítimas, reais ou fabricadas. O remédio é (a) bom senso, cultivado por boas leituras, estudo e oração, para conhecer a verdade; (b) entender como o politicamente correto funciona; e (c) coragem sobrenatural para defender a verdade mesmo que o mundo inteiro esteja contra você.

    Pe. Robert Brucciani, FSSPX

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