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    Rede de combate ao antissemitismo nas empresas é lançada com objetivo de reforçar valores como empatia, inclusão e respeito
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    Apartidária e não religiosa, rede ECOA conta com a participação de judeus e não-judeus que buscam um ambiente livre de preconceito

    Ocorrências ligadas ao antissemitismo explodiram no mundo desde o massacre orquestrado pelo Hamas em Israel no dia 07 de outubro do ano passado e que culminou na morte de mais de 1.200 pessoas e sequestro de 250. Notícias sobre agressões, xingamentos, discursos de ódio inflados, entre tantas outras, desde então têm lotado as redes sociais e a mídia. Atingiu a comunidade judaica como um todo e vêm acontecendo em vários ambientes de convivência entre as pessoas, incluindo locais que até então eram considerados neutros, como é o caso das universidades.

    E no Brasil, esse cenário não é diferente. Segundo dados da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), desde o ocorrido em Israel houve um salto de mais de 1.000% no volume de denúncias de atos de preconceito e ódio contra os judeus. Atentos a isso, um grupo de mais de 350 executivos, empresários e empreendedores aliados, judeus e não-judeus, criaram a ECOA (Executivos Contra o Antissemitismo), rede apartidária e não-religiosa que tem como propósito ajudar na criação de uma sociedade livre do antissemitismo, reforçando valores como empatia, inclusão e respeito. Os fundadores do grupo, representativos de vários setores, se juntaram para discutir como melhorar esse cenário, e tem levantado essa bandeira como representantes individuais e não institucionais.

    De acordo com um dos fundadores do grupo Danni Mnitentag, Vice-Presidente de Alianças e Canais da Oracle, é preciso abordar essa questão de forma orgânica e estruturada nas organizações. “Precisamos dar visibilidade ao momento que enfrentamos, com essa forte onda de antissemitismo atingindo a comunidade judaica. Esse tema não tem sido abordado nas empresas, por isso decidimos promover algumas ações para conscientizar sobre os estragos que uma atitude preconceituosa contra os judeus pode ocasionar”. 

    Iniciativas de conscientização

    Entre as ações feitas pelos executivos da rede no mundo corporativo estão a promoção de rodas de diálogos com especialistas sobre o assunto, oficinas de sensibilização, visitas guiadas a museus que abordam o Holocausto e o antissemitismo, palestras, workshops, entre outras iniciativas. “O impacto crescente do antissemitismo atinge os indivíduos de forma geral, judeus ou não, as organizações e seu ambiente. Buscamos identificar ações concretas para gerar um impacto positivo na cultura da organização e na experiência das pessoas que a compõem, promovendo um espaço que abrace princípios como diversidade, inclusão, empatia e respeito, para que não haja oportunidade para qualquer forma de violência e, portanto, nem para o antissemitismo”, aponta Marina Gelman, Diretora de Relações Institucionais do Grupo Anima Educação, também fundadora do ECOA.

    Muitas organizações têm políticas de diversidade e inclusão, e nesse contexto é fundamental adicionar o tema do antissemitismo na agenda, segundo Doron Admoni, que trabalha no HSBC Brasil, “Dessa forma, procuramos contribuir para que cada uma delas encontre a melhor forma de abordar o antissemitismo em suas culturas e, com isso, garantir um ambiente seguro para as pessoas que ali trabalham e para seus dirigentes”.

    Para Lara Turkie Schnaider, que também participa do grupo, a proposta é trazer o assunto de antissemitismo, que é delicado, de forma simples e didática nas empresas, buscando aproximar pessoas. “Queremos que as pessoas entendam que antissemitismo é uma forma de preconceito como qualquer outra, e por isso, inadmissível.”, completa.

    Empresas estão abertas para a pauta

    Segundo Luciana Langer, Head de CRM do Banco Bradesco, a receptividade das organizações tem sido positiva. “Mesmo em locais onde o antissemitismo não é vivido de forma prática, as ações do ECOA promoveram um espaço de reflexão para pensar formas de prevenir e agir contra o antissemitismo”.

    A rede ECOA também mantém um convênio com a International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA), organização intergovernamental que tem como foco abordar os desafios contemporâneos relacionados ao Holocausto. Promovem educação, lembrança e pesquisas sobre o que aconteceu no passado, com o intuito de construir um mundo sem genocídio no futuro.

    Como se posicionar contra o antissemitismo?

    Michelle Shayo, também fundadora do grupo, traz alguns pontos trabalhados pelo ECOA com as empresas. Além das ações, a rede disponibiliza um conteúdo especializado para contextualizar o antissemitismo no mundo, além de uma cartilha de combate a esse tipo de preconceito contra os judeus para ser compartilhada com os times de cultura, diversidade e inclusão, e lideranças.

    “Crie um espaço de diálogo aberto com colaboradores da identidade judaica para ouvir suas experiências e propostas contra o antissemitismo. Comunique abertamente a posição da organização e de seus líderes em relação à diversidade, inclusão e respeito, como o antissemitismo é uma forma de ódio e discriminação, além de outras ações que tornem visível esse desafio para construirmos um ambiente corporativo e uma sociedade livres do antissemitismo”, recomenda Alessandra Liberman, da Repensa Consultoria.

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