Estamos vivendo a maior seca dos últimos 44 anos, e presenciando milhares de focos de queimadas em todo o território brasileiro. E isso já afeta a economia do país e o bolso do consumidor. Há impactos no preço do açúcar, suco de laranja, carnes, leites e derivados, entre outros.
Somente em São Paulo, por exemplo, cerca de 80 mil hectares de cana-açúcar foram comprometidos pelas queimadas. O prejuízo é de R$800 milhões, segundo a última estimativa divulgada pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). Com isso, o preço do açúcar refinado deve subir, assim como o do etanol, que deve aumentar em 10% até o fim da safra de 2024/2025, que termina em março.
Outros alimentos também foram prejudicados, como feijão, frutas (banana e laranja), e hortaliças. O pasto seco também afeta a criação de gado, elevando o preço do leite, suas receitas e a própria carne.
O impacto na saúde também deve ser sentido. Apesar de ainda não haver notícias de falta de leitos, o grande volume de queimadas no país tem pressionado o sistema de saúde com problemas respiratórios. O diagnóstico foi feito, inclusive, pela própria ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Outro problema que pode atingir o consumidor é o aumento da energia, já que o Brasil depende dos rios para geração de energia e esses estão vivendo uma seca histórica.
“O problema é que o Brasil está pouco preparado para essa seca histórica e para as queimadas criminosas que estão acontecendo. Isso deve comprometer o orçamento de forma geral, assim como deve ser sentido no bolso do consumidor”, diz Deborah Bizarria, economista e coordenadora de políticas públicas do Livres.
A especialista explica que lidar com as consequências de eventos climáticos extremos é muito mais caro do que a prevenção a eles. “No entanto, se o país não tratar sua gestão de orçamento de forma mais séria, nunca sobrará dinheiro para políticas de prevenção. Estaremos sempre gastando apenas com mitigação”, pontua.
Deborah Bizarria*
É economista formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Economia Comportamental pela Warwick University, no Reino Unido. Colunista semanal da Folha de S. Paulo, coordenadora de Políticas Públicas e ação política do Livres, Alumni da International Academy for Leadership, da Fundação Friedrich Naumann e do TFAS – The Fund for American Studies.
Movimento Livres*
O Livres é um movimento político suprapartidário em defesa do liberalismo, que atua como associação civil sem fins lucrativos desde 2018 no desenvolvimento de lideranças e na curadoria de políticas públicas por meio de campanhas educativas e advocacy por reformas.