O encarecimento das contas de luz está tirando o sono dos brasileiros. Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou a previsão de uma nova alta das tarifas de energia a partir de setembro. “Não adianta ficar sentado chorando”, disse o ministro, durante audiência no Senado. “Temos de enfrentar a crise. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir”, acrescentou, em referência à bandeira vermelha, a sobretaxa mais cara aplicada nas faturas.
Diante da maior crise hídrica em 91 anos, renasceu também o temor de que o país possa ser obrigado, novamente, a conviver com o racionamento de energia, hipótese, até agora, negada pelo governo. Nesta semana, porém, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alertou para o risco de apagões a partir de outubro, caso a produção energética adicional não aumente, pelo menos, em 7,5%.
O órgão recomendou ao governo que aumente o uso das termelétricas e considere importar energia de países vizinhos, já que, com a seca que afeta o país, a oferta das hidrelétricas será insuficiente. Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da geração de energia do país, operam com 22,5% da capacidade de armazenamento. O número está abaixo do registrado na crise energética de 2001, quando as represas encerraram agosto com 23,4% de volume de água.
O presidente Jair Bolsonaro admitiu o perigo da crise hídrica enfrentada pelo país, a qual definiu como “a maior da história” e “problema sério”. Dizendo que a situação está no “limite do limite”, ele fez um apelo para que as pessoas economizem energia e “apaguem um ponto de luz” em casa.
“Vou até fazer um apelo a você que está em casa agora, tenho certeza de que você pode apagar um ponto de luz na sua casa agora. Peço esse favor para você, apague um ponto de luz agora”, afirmou o presidente, durante a live semanal. “Ajude-nos, assim você está ajudando a economizar energia e a economizar água das hidrelétricas. (…) Estamos no limite do limite”.
Até agora, a solução encontrada pelo governo foi acionar as usinas termelétricas — o que acaba jogando a conta para o bolso do consumidor. “Com a escassez de água, acaba surgindo a necessidade de acionar mais termelétricas, que funcionam com queima de combustíveis fósseis e outras fontes de calo e têm um custo maior”, explica a economista Sara Ferreira, da Valor Investimentos.
Apesar do alerta do ONS e do apelo do presdente, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou ontem a descartar a possibilidade de racionamento, embora tenha admitido a necessidade de economizar energia.
“Apesar das adversidades, (o país) tem demonstrado capacidade de superação, por meio de números expressivos, com destaque nos investimentos e criação de empregos do setor de energia. É essencial que sejam estabelecidas políticas públicas coerentes com a necessidade da população, preservando a segurança energética e priorizando a racionalidade econômica”, disse o ministro, durante entrega do prêmio Abradee 2021, da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.
Na quarta-feira, o MME anunciou que premiará consumidores que economizarem energia elétrica, e afirmou que está em “avaliação” um novo reajuste da bandeira vermelha — sobretaxa aplicada nas contas de luz — para breve. O último reajuste nas bandeiras realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em junho, aumentou o custo da bandeira vermelha 2 em 52%. O valor foi de R$ 6,24 a R$ 9,49 para cada 100 kwh (quilowatts-hora) consumidos.
Fonte : Metrópoles.